Descrição do Museu

Artikel bewerten
(1 Stimme)

Museu Regional de Wolfhagen, criado em 1980, é constituído por dois edifícios que fazem parte do antigo castelo de Wolfhagen - “Renthof” (séc. XVII) e “Zehntscheune” (séc. XVIII) - e reveste-se de um grande interesse, principalmente, para a Região de Wolfhagen. Este espaço cultural tem expostos objectos que abrangem um grande número de temáticas dizendo respeito não só à cidade e região de Wolfhagen, mas também à Alemanha, à Europa e ao resto do Mundo, facto que não se verifica em todos os museus.

Museu

O edifício principal deste museu (Renthof) encontra-se dividido em sete departamentos com temáticas diferentes como: a Pré-história, a Idade Média, a Igreja e a região de Wolfhagen, nomeadamente ilustrando o quotidiano dos seus habitantes. Para complementar a informação dos espaços visitados, podem ser, depois, adquiridos livretes. Dos departamentos que aqui se encontram, destacam-se:

  • Departamento 1 (Tempos Primitivo e Pré-Histórico da Região de Wolfhagen): um túmulo megalítico com uma abertura para a alma (Período Neolítico), a ilustração de uma mamoa (ou Tumulus: montículo artificial que cobre um dólmen) da idade do Bronze e urnas da Idade do Ferro. Um menir da região de Istha (Período Neolítico), vestígios do antigo castelo de Wolfhagen e o primeiro vestígio de bronze na região têm também uma importância histórica especial.

  • Departamento 2 (A Igreja na Idade Média – Período de conversão das tribos alemãs ao catolicismo, por São Bonifácio): pias baptismais, sarcófago, capitéis, tímpanos, um lintel, o sino mais antigo da igreja de Santa Ana (Wolfhagen) e um relevo de Jesus Cristo em sofrimento.

  • Departamento 3 (Castelo de Cavaleiros e as cidades na Idade Média): peças encontradas na região em especial do Weidelsburg (Castelo do séc. XV de que restam hoje apenas as ruínas, consideradas as mais importantes do Norte de Hessen; contudo, o museu dispõe de um modelo pormenorizado deste castelo, à escala de 1 : 87) e do Röderserburg. De Wolfhagen há também diversos objectos, como o primeiro documento que menciona o nome da cidade; podemos observar selos, moedas, armas (ex: besta e bolas de canhão) e o luminarium (pedra que serve para iluminar e aquecer espaços).
  • Departamento 4 (Artesanato e Guildas): é do cidadão enquanto artesão e das diversas formas de artesanato que esta sala trata. Aqui, podem observar-se, entre outras coisas, ferramentas e utensílios como: cofres, bandeiras de guildas, tenazes para levantar pedras, fogões ornamentados, máquinas de costura, de fazer cordas e uma bicicleta de ferro (1860).

  • Departamento 5 (O cidadão e a sua sociedade): um lacrador, o “poste da vergonha” (tronco onde eram presos os cidadãos em público), objectos relativos aos bombeiros, à caça e a outros temas: os Judeus enquanto minoria, a vida de estudante e Wolfhagen enquanto guarnição no passado.

  • Departamento 6 (A oficina do Sapateiro e Carpinteiro): reconstituição de uma oficina de um sapateiro e de um carpinteiro à escala real. Com estas duas oficinas, pode-se conhecer mais sobre a arte do calçado e do trabalhar a madeira de uma forma artesanal.
  • Departamento 7 (Tipos de Trabalho e modos de vida do artesão e do lavrador): transformação de matérias-primas até se chegar ao produto final, como por exemplo: do linho aos produtos de linho; da ovelha aos produtos de lã; do leite até à manteiga e do milho ao pão. Pode ver-se também a reconstituição de uma cozinha, bem como do estabelecimento de um costureiro com os seus instrumentos e o vestuário por ele confeccionado.

A estabelecer a ponte entre os dois edifícios deste museu há um caminho geológico em que onde estão expostas à escala verdadeira rochas relativas aos seiscentos milhões de anos das diferentes épocas geológicas.

Zehntscheune


Já nos cinco departamentos que fazem parte da Zehntscheune evidenciam-se:

  • Departamento 8 (História das casas e a arquitectura das casas em enxaimel na Região de Wolfhagen): contacto mais directo com a forma como as casas da região são construídas: a construção (estrutura das casas em madeira – “Fachwerk”, textura, técnicas de construção), a divisão dos espaços e a estrutura social das casas de famílias alemãs das classes baixa e média. Tudo isto pode ser compreendido através de pequenos modelos à escala de 1: 20.
  • Departamento 9 (O mundo das pinturas): Este espaço está dividido em dois sectores: “O mundo das pinturas na região de Wolfhagen” (passado da população da região através de retratos, brinquedos, loiça, acessórios religiosos e vestuário compreendendo a sua visão do mundo e os seus costumes) e “galeria de artistas contemporâneos”.  

  • Departamento 10 (Geologia e Geomorfologia): este espaço está relacionado com a formação e a constituição das rochas (diversos exemplares de diferentes épocas geológicas), com a geologia e com o desenvolvimento de seres vivos na região de Wolfhagen. Destacam-se, assim, um modelo de um vulcão e vestígios de pegadas de um dinossauro encontradas na floresta da cidade.

  • Departamento 11 (Modelo da cidade de Wolfhagen): é possível conhecer a cidade de Wolfhagen por volta do ano de 1530, através de um modelo interactivo à escala de 1: 500.

Departamento 12 (Hans Staden)

Hans Staden Ausstellung


Não é do conhecimento de muita gente que Wolfhagen tem uma enorme ligação a Portugal e sobretudo ao Brasil. Tudo isto se deve a Hans Staden. Este aventureiro nasceu por volta de 1525, em Homberg, e na sua infância teve, em função da época e de acordo com a reforma luterana, uma instrução religiosa. Mais tarde, após 1547, durante o período em que Hessen estava ocupado por soldados espanhóis e portugueses, Staden ouviu que se podia enriquecer na Índia. Viajou então para Portugal e, ao chegar, os navios para a Índia já tinham partido. Por isso, alistou-se em 1548 como mercenário num navio português que ia para o Brasil. Nesta primeira viagem Hans Staden sobreviveu a tempestades, fome e a ataques de índios e franceses. Após ter regressado a Lisboa em 1548, Staden voltaria um ano mais tarde para as "Terras de Vera Cruz". Desta vez, o destino foi outro. Numa saída para procurar o seu escravo acabou por ser capturado e mantido em cativeiro durante 9 meses e meio por tribos indígenas (Tupinambás) na aldeia de Ubatuba. Durante este período, viveu com receio de ser comido por estes índios canibais, mas a sua fé em Deus levou-o a ultrapassar esta angústia. O seu convívio com os índios, portugueses e brasileiros fez com que soubesse falar as línguas indígena e a portuguesa. Em 1554, através de uma troca (de diversos artefactos como: facas, machados, espelhos) entre os tupinambás e os seus aliados franceses, Hans Staden conseguiu regressar à Europa. No Brasil, Staden foi marinheiro, arcabuzeiro (no Forte de Bertioga), mas sobretudo um homem de fé. Enquanto cidadão de Wolfhagen, escreveu um primeiro livro (“Wahraftige Historia” – A verdadeira história) bastante completo sobre o Brasil e sobre a sua etnografia e as suas tribos, bem como sobre a sua aventura nessas terras. Ao entrar no departamento, conhece-se ao pormenor a vida desta importante mas desconhecida personalidade, revive-se a viagem de Staden e o seu contacto com máscaras e utensílios indígenas e fica-se a conhecer a vida Indígena do Brasil e alguns factos dos descobrimentos marítimos, ao ver modelos de barcos, ilustrações e visualizando um filme.

Cronologia da vida de Hans Staden

Hans Staden


1525 (?) – Em Homberg, nasce Hans Staden.
1546/1547 – Possivelmente, combateu como soldado Hessiano no exército do Conde de Hessen – Philipps, o Generoso – durante a guerra de Schmalkaden, tendo saído derrotado.
1548 – Viagem por Bremen até Lisboa (Setúbal). Tendo-se alistado como mercenário num navio comercial português, tinha intenções de ir para a Índia, mas, ao chegar a Portugal, os navios já tinham partido. Assim, com mais dois alemães na tripulação, partiu para o Brasil.
1548/1549 – Primeira viagem ao Brasil. O navio em que se seguia Staden passou por Marrocos, pela Ilha da Madeira até chegar ao Porto de Olinda. Durante 16 meses esteve no mar tendo regressado depois a Lisboa passando pela Ilha Terceira (Açores).
1550 – Em Abril Hans Staden partiu num navio espanhol que tinha como destino a região do rio La Plata (onde se situa actualmente a Argentina, o Paraguai e o Uruguai). Contudo, os barcos acabaram por naufragar. A embarcação em que Staden seguia, afortunadamente, ficou perto do Litoral, tendo sido possível aos tripulantes alcançar terra firme. Com o naufrágio, a tripulação teve de lutar pela sobrevivência.
1552 – Alcança a Norte a Ilha de São Vicente, uma das principais bases dos portugueses no Brasil que, regularmente, era atacada por índios. Tomé de Sousa, governador geral do Brasil, nomeia no final deste ano Hans Staden como arcabuzeiro da pequena fortaleza da Ilha de Santo Amaro. Durante 2 anos manteve este cargo e em Portugal aguardava-o uma recompensa do rei.
1554 – Durante uma saída para procurar o seu escravo que tinha ido caçar, Hans Staden foi cercado e ferido por índios da tribo dos Tupinambás. Arrastado para um barco, foi levado para a aldeia de Ubatuba onde deveria ser morto e comido por estes “selvagens” canibais. Esta tribo tinha os franceses como aliados e via os portugueses como inimigos, pois estes tinham morto um dos Tupinambás. Staden foi preso pois os índios pensavam que ele era português. Durante 9 meses e meio viveu com angústia de ser comido, procurou que os franceses o levassem – o que não aconteceu de imediato - e manteve sempre a fé. Com as suas orações diárias e com situações insólitas que aconteceram (a família de um dos chefes da tribo apanhou uma epidemia, contudo, alguns dos membros sobreviveram graças, pensaram os índios, a Staden), acabou por ser visto como um Xamã, ganhando importância.
Outubro de 1554 - Hans Staden foi “oferecido” a um cacique de uma outra aldeia que o tratou como um filho. Mais tarde, a tripulação do navio francês (“Catherine de Vatteville”) apareceu para negociar o alemão. De início o cacique não concordou mas depois, com uma história inventada pelos franceses, Staden conseguiu seguir a bordo; porém deveria regressar à aldeia no próximo navio.
Fevereiro/Junho de 1555 – O navio chegou ao porto de Honfleur na Normandia, tendo Staden mais tarde seguido para a Antuérpia, Londres e, finalmente, Hessen.
1555/1556 – Hans Staden redige o seu livro: “Wahraftige Historia” – A verdadeira história, tornando-se, a 20 de Junho de 1556, cidadão de Wolfhagen.
Março de 1557 – no início de Março o livro foi publicado, em Marburgo.
1576 (?) – Uma epidemia da peste atingiu a cidade de Wolfhagen e, possivelmente, terá morto Hans Staden.